quinta-feira, 25 de março de 2010

Luna caminha lentamente até chegar a uma das fontes do jardim e olha o movimento da água, cruzando os braços e se aconchegando em seu casaco. Aos poucos, Luna vai se sentindo sonolenta e algo parece acontecer. A água torna a ter uma cor diferente, meio roseada, depois azul, amarelo, verde... ela se tornara multicor e brilhava como se refletisse uma constelação de estrelas do céu. Luna pisca os olhos, tentando afungentar o sono e tentando ter certeza de que não estava sonhando. De repente, ouve-se uma música. Não uma música qualquer, algo intraduzível. Luna nunca ouvira algo tão belo. Ela olha para os lado procurando sua origem, mas não vê nada ao seu redor. As águas da fonte pareciam dançar conforme a música, era tudo tão lindo, tão magniífico, tão mágico... Luna não resiste e fecha os olhos. Queria guardar tudo aquilo em sua mente.

Até que então, tudo acaba.
Luna abre os olhos e as águas não estão mais coloridas, nem brilhavam. A música sumira. Nada parecia ter acontecido.

- Será que estava sonhando? - Tudo parecia estranho. Mas o que importa. Luna sorri enquanto lembrava do que tinha visto, então dá meia volta e sai dos jardins... com o coração mais leve.
Luna vinha saltitando ao longe e ao se aproximar do lago sentiu a brisa úmida espalhar seus cabelos. Ela adorava aquilo, amava aquele lugar. Sempre vinha ao lago, se recostava na árvore com a maior sombra e ria ao ver os movimentos malucos da lula gigante - que ela costumava imitar. Mas a muito tempo não vinha ali... ultimamente tinha aproveitado os fim de tardes sem nuvens para ver o pôr-do-sol e o despontar das primeiras estrelas do alto da torre de Astronomia. Mas hoje ela resolvera voltar a sentir a grama fazer cosquinhas em sua nuca ao se deitar nela.

E prontamente ela o fez. Se jogou na grama e ficou a olhar os movimentos dos pássaros ao longe... parecia voar com eles. Quando fechava os olhos de fato voava. Para além dali, muito além. Lugares lindos, desconhecidos, encantadores. Mas então ela abria os olhos...

Ela não precisava voar. Estar ali agora era tudo o que queria. Aquele era o lugar onde ela tinha encontrado o que precisava.
Era o fim do 2º ano... era impossível não se lembrar de quando tudo começou. Foi tão impressionante descobrir esse mundo novo. Amigos, professores, colegas, loucuras, capacidades... tanta coisa do que se lembrar. A angustiava a idéia de que pudesse se esquecer de algum detalhe. Era tudo tão... tão... mágico!

Luna se levantou e se sentou nas raizes da árvore mais próxima, e, com a ajuda de um abridor de cartas que tirou da bolsa, talhou da forma mais bonita que conseguiu: "Amor, Amizade e União - Essa é a verdadeira magia". Quando terminou sorriu e lentamente foi recolhendo suas coisas e se levantando. Feliz.
Luna sobe até a torre e ao chegar ao topo, se aconchega ao seu casaco. Fazia frio, e uma brisa gélida bagunçava seus cabelos. Ainda assim, vai até a janela e observa a escola do alto. Via a movimentação, o andar de luzes e talvez, bem de longe, o burburinho insistente de alunos.

Então ela volta seu olhar para o céu. O céu em Hogwarts era particularmente imprecionante. As estrelas piscavam de uma forma intensa, e as vezes pareciam mudar de lugar. Mesmo na escuridão do alto da torre, Luna sorriu. Ela gostava das estrelas. As vezes se sentia como uma delas...

Antes, talvez, se parecesse mais como um dos planetas, de um brilho único, porem solitáio. Agora, com toda a certeza, ela fazia parte de uma constelação. Agora ela não brilhava por si só, mas todos com ela. A sua beleza não estava no que simplesmente era, mas no que juntos faziam. Cada estrela era única, cada uma tinha sua elegancia, mas todas, juntas, formavam um espetáculo aos olhos de quem parace para observa-las.

E como uma constelação, Luna era feliz. Gostaria de sempre se lembrar disso.

Voltando seus pensamentos para si, a menina novamente cruza os braços em torno de si para se proteger do frio. Então, lentamente, desce as escadarias e volta aos corredores da escola.
Mais uma vez podia se ver Luna subindo as escadas da torre e parando para pensar lá em cima. Mas era compreensível... o dia estava lindo e o pôr-do-sol encantador. O céu num degradê perfeito indo do amarelo ao azul da forma mais graciosa. O sol que se punha lentamente, sem pressa de ir embora, enquanto alguns pássaros ao longe pareciam se despedir dele. Tudo isso refletido no lago, logo abaixo, fazia com que suas águas cintilassem com o movimento contínuo.

Luna então se encosta no parapeito e sorri, quando abrindo os braços pareceu murmurar alguma coisa parecida com 'boa noite, sol'.

Aos poucos ia escurecendo, e a primeira estrela já dispontava lá no alto. Era isso que Luna esperava, ela adotara aquela estrela para si. Era aquela a sua preferida. Podia passar horas olhando para ela. Foi por causa daquela estrelinha que Luna passara a ir tantas vezes a torre, mesmo quando era dia. Era come ela que a menina conversava quando achava que seus pensamentos poderiam fazer alguém pensar que estivesse enlouquecendo. E talvez estivesse... quem se importa? Assim Luna era feliz.

E ela ainda olhava a estrela faiscar no céu...